terça-feira, 25 de março de 2008

O que vende bem é desastre.


Nada vendeu mais jornal nos últimos tempos que os rótulos de crise, caos e "apagão". Tudo, das mais abstratas suposições aos grandes problemas de fato encarados pelo país, tudo foi exponencializado pelo taxação desesperadora.
Quando a Índia lançou o "carro mais barato do mundo" os comentaristas se apressaram em alertar que "se a novidade chegar por aqui, Brasil sofrerá 'apagão' no transito". E é só um exemplo. O que repercuti na nossa imprensa é desgraça, como nos pequenos tablóides de 25 centavos.
Neste momento, a Polícia Federal em duas operações (Operação Guardiões da Amazônia e Arco de Fogo) junto ao IBAMA e à Força Nacional está implantando o "caos" num dos grandes mercados ilegais deste país, o madeireiro.
São milhões de reais em multas, dezenas de milhar de metros cúbicos de madeira apreendida, centenas de fornos destruídos e dezenas de madeireiras fechadas. Números expressivos, com certeza. Mas diferente de outros furos, este não parece merecer a mesma repercussão que a possibilidade de um carro de 5 mil, ou que a crise no transporte aéreo ou mesmo que os casos de corrupção.
Uma manchete como "O apagão no extrativismo ilegal" parece não soar bem. É otimista demais.

terça-feira, 18 de março de 2008

Discuta-se o que for preciso.




Na semana passada, assistindo a votação do orçamento no congresso, senti a garganta seca ao ver o pronunciamento do líder do Partido dos Trabalhadores na câmara. O pronunciamento, que não trazia nada de novo, só era uma clara ilustração sobre a dificuldade que o PT vive de conciliar algumas de suas bandeiras com o fato de ser gorveno.
O caso em particular foi explicitado pelo discurso da oposição, que apresentou números que o PT, por exigências do jogo político, opta por deixá-los à margem.
Não é difícil compreender que com o congresso que temos não adianta achar que eleger presidente basta pra mudar o Brasil. Mas, mesmo sendo políticamente confortável para o governo, é duro ver o PT se render a alguns "pseudo-consensos" da direita brasileira.
Menos de uma semana depois o mesmo líder desenterrou uma dessas "certezas" que precisam ser debatidas pelo congresso e pela sociedade: a tributação sobre "grandes fortunas".
Prevista na Constituição de de 1988 (art. 153), ainda hoje continua esperando os "termos de lei complementar" para ser instituida, mesmo depois de 4 projetos de lei neste sentido (com destaque para o primeiro deles em 89 de autoria do ilustríssimo, então senador, Fernando Henrique Cardoso). E em 2003 o próprio governo reabriu este debate.
Arrecadação com finalidade estabelecida, provisoriedade ou não, valor da alíquota, grandeza da "grande(!) fortuna", exemplos internacionais e suas particularidades conjunturais, e a própria moralidade. São diversos e polêmicos os pontos a serem debatidos. Mas merecem ser debatidos. E de forma ampla e participativa, levando em conta conseqüências econômicas e sociais.
Esse tema, como vários outros, estão longe de serem consenso ou terem maioria formada. No entanto existe uma blindagem no Brasil que faz com que algumas matérias pareçam "naturais" e "universais".
Esses pontos têm que ser postos em evidência, antes que, talvez um dia de fato, virem verdades irrefutáveis.
Infelizmente esse dia eu não estava assistindo TV Câmara.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Dois bicudos...



"O governo Aécio não se coaduna com o que o PT quer para Minas Gerais e muito menos para o Brasil"

Essa é a resposta do diretorio estadual do Partido dos Trabalhadores às pretenções do digníssimo prefeito da capital mineira, de se aliar ao governador para lançarem juntos (PT e PSDB) um candidato para a sucessão de Fernando Pimentel.
Essa postura, que tenta justificar com as particularidades da conjuntura municipal uma aliança entre partidos teoricamente tão distantes, não é um fato isolado no aproximar das eleições 2008.
Na capital bahiana, o governador petista não tem opositores, além de ACM Neto. Mesmo sendo muito provável a candidatura própria do seu partido, o candidato do PSDB entra na disputa sendo considerado de sua base de governo.
Além disso o presidente Lula também admite a alinça com o tucanato em Aracaju.
Pois bem, além do que afirmou o diretório mineiro (o que o PT quer para as capitais em questão), existe o sempre presente vulto das eleições presidenciais de 2010.
BH, Salvador e Aracaju, além do projeto municipal de cada uma, são fundamentais para a construção de um terceiro mandato da esquerda no país. O qual, queira Deus, seria um pouquinho mais a esquerda.
As chances de Lula fazer um sucessor em 2010 não são nada desprezíveis, e todos os cuidados vêm sendo tomados para que isso ocorra. Mas, para construir um governo mais progressista que o atual, outras medidas são necessárias. Dentre elas, não se aliar com o PSDB, principalmente em cidades tão consideráveis.
Outra medida seria uma investida séria nas candidaturas ao congresso. Isso inclui, claro, candidatos sérios.

sexta-feira, 14 de março de 2008

eis uma questão

"...você pode achar certas coisas [...] admiráveis [...] e achar outras lamentáveis [...] [para] O governo Lula, [vale] a mesma coisa, só que nesse caso a gente tende a ser mais a favor do que contra para não engrossar o coro dos reacionários, que já é suficientemente grosso."
(Luis Fernando Veríssimo
em entrevista a Carosamigos
janeiro de 2008)

quarta-feira, 12 de março de 2008

e ao vivo na TV Senado:


amarguras, inquietações e devaneios...