terça-feira, 25 de março de 2008

O que vende bem é desastre.


Nada vendeu mais jornal nos últimos tempos que os rótulos de crise, caos e "apagão". Tudo, das mais abstratas suposições aos grandes problemas de fato encarados pelo país, tudo foi exponencializado pelo taxação desesperadora.
Quando a Índia lançou o "carro mais barato do mundo" os comentaristas se apressaram em alertar que "se a novidade chegar por aqui, Brasil sofrerá 'apagão' no transito". E é só um exemplo. O que repercuti na nossa imprensa é desgraça, como nos pequenos tablóides de 25 centavos.
Neste momento, a Polícia Federal em duas operações (Operação Guardiões da Amazônia e Arco de Fogo) junto ao IBAMA e à Força Nacional está implantando o "caos" num dos grandes mercados ilegais deste país, o madeireiro.
São milhões de reais em multas, dezenas de milhar de metros cúbicos de madeira apreendida, centenas de fornos destruídos e dezenas de madeireiras fechadas. Números expressivos, com certeza. Mas diferente de outros furos, este não parece merecer a mesma repercussão que a possibilidade de um carro de 5 mil, ou que a crise no transporte aéreo ou mesmo que os casos de corrupção.
Uma manchete como "O apagão no extrativismo ilegal" parece não soar bem. É otimista demais.

4 comentários:

Jayme disse...

Concordo contigo Nilo nessa questão. Tem um site do pessoal de comunicação da UFF que fazia essa crítica assíduamente. O nome do site é: www.fazendomedia.com . É um bom site, tem um tempinho que não acesso.Ele trata da média que a mídia faz.
A polícia Federal no governo Lula é eficiente, isso não tem como negar. Pena que o funcinalismo publico no país não se espelhe nela.
Agora, você não acha que em vez de insistir no consumismo, o governo deveria investir no transporte público.
E sobre o crédito, se o EUA etrar em recessão, o povo vai ficar endividado.
Todavia, pensa sobre a questão do tranporte coletivo e acesse o site, você vai gostar.
Até mais...

Jayme disse...

Luís Antônio Simas escreve em seu blog:

MAIS TAXADO QUE TIRADENTES !


Vamos ao século XVIII. O ouro tinha sido encontrado em quantidade significativa em algumas regiões do interior do Brasil, nos sertões das Minas. Como as notícias davam conta de que havia ouro pra dedéu, a coroa portuguesa não perdeu tempo. O Conselho Ultramarino - orgão que cuidava dos negócios relacionados aos rincões ultramarinos portugueses - criou um orgão para azucrinar a vida dos mineradores, a Intendência das Minas. Cabia a esse trambolho burocrático, dentre outras coisas, fiscalizar a cobrança de impostos.

Até as montanhas de Ouro Preto sabem que o metal bruto, depois de fundido, era quintado. A quinta parte de todo ouro encontrado caberia , portanto, à Coroa. Outros tributos funcionaram nas Gerais, mas o Quinto Real foi o imposto crucial que sustentou a política fiscal portuguesa nas Minas. Contra o Quinto, considerado justamente uma extorsão, explodiram diversas rebeliões. A mais famosa, evidentemente, foi a Conjuração Mineira, em um contexto em que a Coroa ameaçava confiscar bens dos mineradores para cobrir as dívidas referentes ao pagamento daquilo que os mineradores chamavam de Quinto dos infernos ( taí a origem da expressão, caríssimos leitores).

Por que estou escrevendo sobre isso? Porque estou fazendo a minha declaração do imposto de renda. Porque acabei de ler nos jornais que o governo federal desistiu de aliviar os contribuintes que , como pessoas físicas, pagam 27,5 % dos ganhos para o famigerado Leão. Queridos, alguém aí já se tocou do absurdo que é isso. A tributação sobre o salário dos trabalhadores médios brasileiros é maior que o Quinto Real! Parece piada, não?

Sugiro ao ministro Mantega, com aquela carinha de guri cagado que perdeu o rumo de casa, que o Quinto Real volte. Que eu pague ao governo 20 % dos meus ganhos. Minha campanha agora é essa: Queremos a volta do Quinto dos infernos!

Tiradentes era feliz e não sabia.

Abraços


Acesse www.historiasdobrasil.blogspot.com

Anônimo disse...

Oh se desastre vende bem, veja o caso da menina jogada pela janela...
Alem de vender desastre a outra unica coisa q a imprensa faz eh perguntar para o Lula, duas vezes por semana, se ele vai para o terceiro mandato...

Jayme Neto disse...

Grande Nilo, sendo bem sucinto e direto: o que você acha de colocar a carta dos intelectuais contra as cotas raciais?
Seria um bom tema, não?
Abraços