11 de Setembro entrou para a história como um dia de tristeza, dor e muito sangue. Forças terroristas cometeram um dos maiores atentados já vistos na América contra a democracia e a liberdade. Um cenário com muito fogo, pessoas em pânico e muita violência. E tudo isso com incentivo e financiamento dos Estados Unidos. Não, não estou falando de 2001, e sim de 1973. Nesse dia o mundo via a derrubada do presidente chileno Salvador Allende.
Socialista, nacionalista e democraticamente eleito em 1970. Allende decide promover mudanças estruturais, proporcionando ao povo chileno as condições para conseguirem sua verdadeira soberania. Entre as propostas do presidente se destacam a reforma agrária e principalmente a estatização e o monopólio da exploração do cobre, que até hoje é a maior riqueza do Chile. Atitudes que batiam de frente com os interesses imperialistas norte-americano, que tinha inúmeros investimentos no país e controlava as maiores empresas de cobre. Além das motivações econômicas o apoio de Fidel Castro ao regime chileno feria as pretensões dos EUA em plena Guerra Fria. Já era incompatível, para eles, terem em seu próprio continente uma ilha socialista, outro ônus como Cuba seria, além de uma desmoralização, uma derrota política incalculável para os interesses dos norte-americanos e do próprio capitalismo.
Com a nacionalização do cobre Allende sofreu um verdadeiro boicote dos EUA, várias empresas deixaram o Chile, houve uma expressiva retirada de capital do mercado ocasionando uma intensa crise financeira. O estrangulamento econômico afeta diretamente os alimentos básicos, causando um descontentamento da população com aquela situação. A direita chilena em conjunto com os militares e os EUA não poupam ninguém na busca de seu objetivo principal: derrubar Allende. O socialista ainda resiste bravamente, vai a ONU denunciar a conspiração da qual o Chile está sendo vítima, mas não tem sucesso.
Em 11 de Setembro de 1973 o exército chileno liderado por Augusto Pinochet, incentivado pela elite e financiado pelos EUA começa o bombardeio a sede do governo. Várias bombas, muito fogo, fumaça e sangue. Apesar da brava resistência dos socialistas a direita estava melhor estruturada e pouco podia ser feito. Começam os 17 anos da ditadura Pinochet. Uma das mais violentas da América. Por volta de 3500 homens e mulheres foram torturados, mortos ou exilados, acabou a liberdade de expressão e a democracia foi sacrificada.
Em 1990 o Chile consegue retoma a democracia, é eleito um governo de oposição aos militares e começa um dos processos de transição mais bem sucedidos no continente. Os crimes militares são julgados e até hoje punições são impostas, muito diferente do que acontece no Brasil. Pinochet morre sem sua sentença, fato que frustra os chilenos, mesmo sabendo que seus crimes não serão esquecidos. Desde 1990 uma coalizão de centro-esquerda a "Concertação" ganha as eleições presidenciais, tendo hoje pela primeira vez uma mulher como governante. O Chile hoje passa longe de um Estado socialista, pelo contrario é o país liberal mais bem sucedido da América Latina. Mesmo assim consegue consolidar uma democracia que já era forte antes do golpe e prioriza suas instituições. A importância da figura e dos ideais de Salvador Allende foram imprescindíveis para fazer do Chile o que ele é, para seguir tais ideais o país deveria adotar uma postura mais progressiva em relação a economia e distribuir suas riquezas, assim seriam grandes as chances de se consolidar como uma nação soberana e justa, eles devem isso a Allende.
Mil pesares pelo 11 de Setembro.
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