quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Democracia da bola.




O que o futebol, a democracia e a educação tributária têm a ver? Na Bahia parece que tem tudo a ver meu rei. O Governador Jaques Wagner (PT) vai lançar nos próximos dias um programa de educação fiscal. A pessoa que juntar um certo valor em notas fiscais tem o direito de trocá-las por ingressos de shows e de partidas de futebol. Até ai nenhuma novidade. É uma prática já adotada em outros Estados. O Governo incentiva o contribuinte a pedir a nota fiscal, assim às receitas aumentam e a sonegação diminui. Em troca oferece benefícios, em alguns Estados shows, futebol e em outros desconto em impostos, como, por exemplo, o IPVA.

Mas na Bahia, como não podia deixar de ser, tem novidade. Somente os Clubes que adotarem eleições diretas para sua diretoria poderão participar do programa. Os times vão passar pela avaliação de toda população. Isso condiciona torná-los mais transparentes e democráticos. É um exercício de cidadania, que deve ser incentivado em todas as parcelas da sociedade. A democracia, para torna-se um valor incondicional, deve estar presente no dia-a-dia, deve ser um sentimento enraizado no cidadão. Nada melhor pra alcançar tal estágio do que a prática.

Alguns podem questionar se o Governador tem atributos para tal ação, já que os Clubes não são estatais. Vale lembrar que ele não está intervindo direto nos times. Estes não são obrigados a incorporar o programa. A eleição direta é uma condição para quem aderir a iniciativa. Sendo assim o Governo pode muito bem impor essa contrapartida, já que os recursos sairão de seus cofres. Passando a limpo o processo: o cidadão compra um produto, pede a nota fiscal; o governo ganha com o imposto sobre o produto; o cidadão troca a nota pelo ingresso; a pessoa ganha um entretenimento; o governo paga ao clube o ingresso que deu ao cidadão; o clube ganha com o venda do ingresso.

Uma questão que não entendi ainda é se todo mundo pode votar em todas as eleições. Não li o programa, somente uma reportagem no Terra Magazine. Acredito que se todos puderem votar pode acontecer certo tumulto. Imaginem um torcedor do Vitória votando pra presidência do Bahia, ou vice-versa. Se isso não estiver bem estruturado no projeto deixo como sugestão para o Governador (que acessa esse blog constantemente) que faça um cadastro dos torcedores, e cada um possa eleger apenas os dirigentes do seu time. Que essa iniciativa baiana possa ganhar adeptos em todo país. Ganha o futebol, ganha o Governo e ganha a democracia.

Um comentário:

Jayme Neto disse...

Sávio, grandes partes dos clubes possuem um sistema chamado de sócio-torcedores. Uma maneira, ao qual os clubes encontraram pra conseguir recursos e ampliar sua marca. Assim, acredito que os sócios torcedores, como os sócios desses clubes são reponsáveis pelas eleições dos clubes. E com essa medida do Governador, penso eu que os clubes deverão ser mais honestos nas eleições. Desse modo, se evita a certas ocasiões que acontecem no futebo brasileiro, como o caso mais conhecido do excelentíssimo Eurico Mirando que teve votos no Clube de Regatas Vasco da Gama de sócios - defuntos.
Posso estar equivocado, mas acho que é por aí...